A Rede Cata Bahia Metropolitana
A história da Rede Cata
Bahia se confunde com a do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais
Recicláveis (MNCR) no Estado. Em 2004, o Centro de Estudos Socioambientais -
PANGEA e a Cooperativa de Catadores Agentes Ecológicos de Canabrava - CAEC se
mobilizaram por toda Bahia e conseguiram mobilizar 22 municípios para o
primeiro encontro estadual do MNCR. Nessa ocasião foi escrita a Carta da Bahia
e foi constituído o MNCR-BA.
O PANGEA escreveu
o projeto Rede Cata Bahia para o Ministério do Desenvolvimento Social, momento
no qual foi feito um diagnóstico nas cidades de Vitória da Conquista e Feira de Santana. O
objetivo foi estruturar e dar melhores condições de trabalho para os grupos de
catadores e catadoras de materiais recicláveis vinculados ao MNCR-BA, utilizando
o cooperativismo como metodologia.
A ideia inicial
do Projeto Rede Cata Bahia foi atender os 22 municípios onde foram implantadas
as bases orgânicas do MNCR. No entanto, deveria haver uma contrapartida dos
municípios, como o fornecimento de um espaço físico para a
estruturação das cooperativas. A partir daí o projeto entraria com os
equipamentos básicos para o início das atividades.
Atualmente, a
Rede Cata Bahia Metropolitana é composta por 11 empreendimentos econômicos
solidários em 10 municípios da região metropolitana de Salvador: a CAEC e a
COOPERBRAVA em Salvador, CAEF em Lauro de Freitas, VERDECOOP em Entre Rios,
CORAL em Alagoinhas, ACOPA em São Francisco do Conde, Associação São Judas em
Catu, REUTILIZE em Inhambupe, ROCAPER em Pojuca, Recicla Jacobina em Jacobina e
COOBAFS em Feira de Santana. A Rede é composta por 458 catadores e catadoras.
Reunião do Conselho Gestor do Projeto Cataforte,
que aconteceu na sede da Verdecoop
Resíduos
orgânicos: um novo nicho para catadores/as
Foto: imagem geral da Verdecoop
A Cooperativa de
Reciclagem e Compostagem da Costa dos Coqueiros (VERDECOOP) fica localizada no
município de Entre Rios, interior da Bahia e integra a Rede Cata Bahia
Metropolitana. Diferente de outros empreendimentos que trabalham somente com a
coleta, triagem, prensagem e comercialização de materiais recicláveis, a
VERDECOOP se aprofundou num novo nicho de mercado que se destacava na região, a
compostagem de materiais orgânicos. O empreendimento já possuía um terreno com 10.000 m2,
com dois galpões, pátio de compostagem impermeabilizado, além de almoxarifado, vestiário,
refeitório e área reservada para educação ambiental, reuniões e capacitação dos
cooperados. Localizada no litoral norte da Bahia em uma região cercada de
hotéis e resorts, como o Complexo Hoteleiro Costa do Sauípe, principal apoiador
do empreendimento através do Instituto Berimbau. Assim, a
VERDECOOP se especializou na coleta, beneficiamento e comercialização de
matéria prima gerada por este tipo de mercado. “Encontramos nos materiais dos
resorts e hotéis matéria prima suficiente para o sustento básico da nossa
cooperativa, mas queremos muito mais!”, explicou o catador e presidente da
cooperativa Antônio Oliveira.
Além da coleta, triagem e
comercialização de materiais recicláveis, a VERDECOOP se especializou no tratamento
dos resíduos orgânicos. Atualmente trabalham com o beneficiamento
da casca do coco verde, coleta e
comercialização dos óleos e gorduras residuais (OGR’s), compostagem 100%
natural de resíduos orgânicos de refeitórios e podas de paisagismo e jardinagem
e prestação de serviços
em eventos. “Sempre desejamos, enquanto cooperativa, ampliar nosso trabalho e
poder ter opções de renda. Estamos contentes com o que conseguimos fazer, mas
sabemos que ainda há muito que melhorar”, ressalta Antônio.
Cronologia das fotos: Chegada do resíduo orgânico e
triagem dos catadores/ as; processo de compostagem; descanso da compostagem;
processo de descanso nas baias; processo de separação de rejeitos da
compostagem e por fim, o ensacamento.
No caso da
compostagem, são comercializadas mais de 30 toneladas/ mês de composto
orgânico, mesmo com o processo demorado para se alcançar o produto final. O
composto orgânico demora de 60 a 90 dias até que o se torne adubo pronto para a
comercialização. Os/as catadores/as fazem todo o processo de maneira
ecologicamente correta, com 30% de nitrogênio
(resíduos orgânicos) e 70% de carbono (podas). Depois, deixar o composto descansar, encaminhá-lo às baias e, por fim, levá-lo ao equipamento que separa o adubo
do material não compostado e dos rejeitos. O ensaque do composto é manual, realizado
pelos/ as catadores/ as em embalagens reutilizadas de 50 quilos.
A Cooperativa
VERDECOOP, representa dentro da Rede Cata Bahia Metropolitana um empreendimento
diferenciado, pois realiza a prestação de serviços remunerada para executar a
coleta e o tratamento de resíduos sólidos orgânicos e recicláveis. Dentro deste
processo possui contratos que a remunera para tratar, através da compostagem
100% natural, todo o resíduo orgânico que entra no empreendimento.
A VERDECOOP, além destas
atividades, também realiza a separação e a comercialização do material
reciclável. Atualmente utiliza os caminhões da Rede Cata Bahia Metropolitana,
conseguidos com o Projeto Cataforte II, para realizar o transporte do adubo
orgânico produzido e do material reciclável para a comercialização.
Protocolo de
Kyoto – crédito de Carbono
A cooperativa
baiana foi o único empreendimento do mundo formado por catadores e catadoras de
materiais recicláveis a submeter um projeto no mercado de créditos de carbono,
que surgiu a partir do Protocolo de Kyoto, acordo internacional que estabeleceu
que os países desenvolvidos deveriam reduzir, entre 2008 e 2012, suas emissões
de Gases de Efeito Estufa (GEE) 5,2% em média, em relação aos níveis medidos em
1990.