REDE CATAVALES - Atuação da Rede Catavales traz conquistas e avanços aos empreendimentos solidários de catadores(as) em Minas Gerais


A construção da Rede Catavales foi iniciada em 2004, com o objetivo de praticar a comercialização conjunta dos materiais recicláveis, tendo em vista o fortalecimento da organização e da sustentabilidade das associações de catadores(as) que a integram.

Atualmente, a Rede Catavales é formada por 176 catadores e catadoras que atuam em 11 empreendimentos econômicos solidários, presentes nos municípios de Belo Oriente, Governador Valadares, Coronel Fabriciano, João Monlevade, Nova Era, Rio Piracicaba, Timóteo, Carlos Chagas, Itambacuri, Nanuque e Teófilo Otoni, em Minas Gerais.

 

A formalização da Rede

 

Apesar da formalização da Rede Catavales ainda estar em processo, a organização e ao espírito de luta e companheirismo dos(as) catadores(as) participantes, permitiu grandes conquistas e avanços individuais e coletivos.

Entre as conquistas já alcançadas destacam-se:

  • A comercialização conjunta mensal de cerca de 70 toneladas de materiais recicláveis;

  • A comercialização direta com indústrias de aparas de papel e plástico (PET);

  • A parceira com a Petrobras, no ano de 2010, que possibilitou a aquisição de um caminhão para realizar a comercialização conjunta dos recicláveis e a qualificação de catadores(as) e técnicos(as) dos 11 municípios de abrangência da Rede. 

A comercialização conjunta faz com que a Rede alcance melhores preços dos materiais no mercado da reciclagem, já que consegue também acumular uma maior quantidade de materiais recicláveis no momento da comercialização.

Todo o processo de comercialização é gerenciado e intermediado pelas lideranças das associações e cooperativas filiadas à Rede Catavales que, em reuniões periódicas, discutem os temas relativos à melhoria do processo de organização e logística da comercialização em rede.

 

                                          

 

 A comercialização conjunta

 

A comercialização conjunta de carga mista de papéis e plásticos de empreendimentos ligados à Catavales acontece mensalmente. A metodologia da comercialização em rede segue os seguintes passos:

  • Ao atingir o volume necessário para o fechamento de uma carga de recicláveis em um empreendimento, o responsável entra em contato com a gestora de comercialização para que possa realizar a comercialização; a gestora de comercialização realiza uma pesquisa de preços entre os possíveis compradores, tendo-se como base a carteira de clientes da Associação dos Trabalhadores de Limpeza e Materiais Recicláveis de João Monlevade - ATLIMARJOM;

  • A partir disso, define-se para qual comprador a carga será vendida;

  • A associação é informada sobre o valor que o comprador deseja pagar e qual o custo do frete, que varia muito pouco entre os compradores;

  • A ATLIMARJOM, com a autorização do empreendimento, efetua a venda. Caso a venda seja realizada, é combinado com o motorista o local de carregamento e descarregamento, e a carga é comercializada;

  • Após a venda, os recibos e/ou notas fiscais são enviados aos empreendimentos contendo o valor do frete, o valor líquido da carga que a associação receberá. Desse valor é retirado 6% que é utilizado para a geração de fundos para a Rede Catavales. Os recibos de depósito são enviados para o e-mail dos empreendimentos e a associação é avisada por telefone que o recibo foi enviado.

Ressalta-se que a comercialização conjunta de cargas mistas é realizada com o intuito de que a Rede possa conseguir melhores preços dos materiais em grandes aparistas ou indústrias e, consequente, proporcionar uma renda maior aos catadores e catadoras. O esforço coletivo se dá no sentido de garantir maior organização a esta comercialização, para que seja cada vez mais bem-sucedida e possa, assim, ampliar o número de empreendimentos interessados pelo serviço e benefícios ofertados pela Rede. As lideranças têm clareza de que, quando a comercialização acontecer com a aderência e frequência de todos os empreendimentos, será mais fácil realizar vendas de cargas não mistas diretamente para a indústria.

Neste sentido, a Catavales vem priorizando a comercialização conjunta de papéis e plásticos, já que são materiais coletados em maior quantidade em todas as associações, de fácil transporte por serem prensados e terem facilidade de encontrar mercado.

Entre os desafios vividos pela Rede destacam-se as dificuldades de comunicação decorrentes do fato de muitos empreendimentos não possuírem em sua sede computadores e internet e a maioria das informações pertinentes ao processo de comercialização conjunta da Rede ser encaminhada via e-mail aos empreendimentos. Outro desafio a ser vencido é a baixa produtividade de alguns empreendimentos, que inviabiliza a comercialização direta de alguns tipos de materiais com as indústrias recicladoras. Além destes, convém citar a necessidade de assegurar as condições financeiras, administrativas e operacionais para que a comercialização em Rede contemple todos os empreendimentos que integram a Rede. Outro desafio a ser considerado é a falta de compradores de materiais específicos, que o intermediário acaba comprando somente quando é vendido a ele materiais de valor agregado.

Destaca-se que, atualmente, a Rede Catavales discute a estratégia de divisão dos trabalhos em 03 (três) polos regionais, visando facilitar a comunicação e a execução das ações planejadas pela Rede e constituir uma logística de funcionamento que facilite uma maior integração entre os empreendimentos que estão geograficamente próximos.

Apesar das dificuldades e desafios enfrentados, a Rede Catavales se constitui como um verdadeiro pilar para a sustentação das associações, potencializando a união entre elas, uma estratégia para garantir a sobrevivência e a competitividade dos empreendimentos solidários dos(as) catadores(as), possibilitando que o elo normalmente mais frágil da cadeia produtiva, os/as catadores/as, conquistem avanços no mercado da reciclagem.

 

Os avanços da Rede dentro do Cataforte III

 

“Nossa experiência de comercialização em Rede já deu frutos e isso aconteceu dentro do Cataforte III”, afirma Valdete Firmino Rosa, catadora/mobilizadora - Catavales

 

Em junho de 2016, em Manhumirim (MG), representantes da Rede Catavales participaram do Encontro do Grupo Gestor da Rede de Catadores da Zona da Mata, Rede Uniforça. Neste encontro estiveram presentes organizações de catadores (as) de materiais recicláveis de diversas cidades mineiras. Foi quando a Rede Catavales teve a oportunidade de mostrar sua experiência em comercialização conjunta e os avanços que representam a união das cooperativas em rede para a cadeia produtiva. Motivados com a experiência de sucesso da Catavales, a Rede Uniforça iniciou também a comercialização dos materiais recicláveis em Rede.

“Nossa experiência de comercialização em Rede já deu frutos e serviu de exemplo para outra Rede de Minas, e isso aconteceu dentro do Cataforte III, que representa para nós fortalecimento e crescimento”, declara Valdete Firmino Rosa, catadora/mobilizadora – Catavales.

Valdete afirma ainda que se não fosse a experiência como mobilizadora do Cataforte, talvez não tivesse a oportunidade de mostrar para outros(as) catadores(as) que a comercialização em rede é possível e é um avanço no processo de organização da categoria.


Organização Inter Redes


O Escritório Nacional do Cataforte III tem sido o fomentador de uma articulação da atuação Inter Redes, entre as Redes de Minas e Rio de Janeiro.

Os encontros para debater as estratégias de cooperação Inter Redes estão acontecendo entre as Redes Catavales e Zona da Mata de Minas Gerais e as Redes Febracom, Recicla Rio e Movimento, do Rio de Janeiro.

Como primeira experiência as negociações estão acontecendo em torno apenas do papelão, tendo em vista que uma importante indústria de celulose e papel está localizada na Zona da Mata, o que facilita a logística para comercialização desse material.

Mas o principal objetivo é que, partindo da experiência com o papel, os empreendimentos de catadores(as) fortaleçam a prática Inter Redes e garantam a abertura de novos mercados para todos os materiais da cadeia produtiva, garantindo uma melhoria na renda e a inclusão de novos catadores no processo.

                                              

Foto divulgação do Encontro do Grupo Gestor da Rede de Catadores da Zona da Mata, em Manhumirim – MG.