REDE SOLIDÁRIA CATA-VIDA - VERTICALIZAÇÃO DA COLETA SELETIVA E CONSÓRCIO SOLIDÁRIO INTER-REDES

VERTICALIZAÇÃO DA COLETA SELETIVA E CONSÓRCIO SOLIDÁRIO INTER-REDES
A EXPERIÊNCIA DA REDE SOLIDÁRIA CATA-VIDA

A importância da implantação do processo de verticalização da coleta seletiva na Rede Solidária Cata-Vida pode ser traduzida em uma frase proferida por Patrícia de Sene, presidente da Cooperativa de Reciclagem de Sorocaba (Coreso), uma das organizações de catadores/as que integram a Rede Solidária Cata-Vida:

“Hoje nós, catadores, somos também recicladores. Alguns anos atrás, a gente fazia a coleta dos materiais nas ruas com carrinho de mão. Hoje, nós temos uma fábrica que beneficia o plástico. Isso não é pouco! ”.


A frase é representativa da trajetória de luta e das conquistas alcançadas pelos/as catadores/as ao longo de mais de uma década de trabalho das cooperativas em Rede. Quinze anos atrás, em 2001, uma iniciativa pioneira tomada por organizações de catadores/as e fomentada por técnicos e lideranças do Ceadec - Centro de Estudos e Apoio ao Desenvolvimento Emprego e Cidadania - tornou realidade o sonho de cooperativas de catadores/as trabalharem integradas, em Rede. 
Alguns anos e muita luta depois, o amadurecimento do trabalho das cooperativas em Rede conduziu os/as catadores/as à verticalização da coleta seletiva, com a implantação de Unidades de Beneficiamento dos materiais “óleo residual de fritura” e “polímeros PP e PE”, como forma de viabilizar a sustentabilidade de seus empreendimentos econômicos solidários.
O processo de beneficiamento que vem sendo implantado desde 2008 elevou a Rede Solidária Cata-Vida a um novo patamar na cadeia produtiva da reciclagem, tornando os/as 256 catadores/as que hoje a integram protagonistas de todo o processo que envolve a cadeia produtiva, coleta dos materiais, a triagem, o armazenamento, o beneficiamento, o transporte até a comercialização da matéria prima.
Como sentenciou a catadora Patrícia de Sene, a Unidade de Beneficiamento dos Polímeros PP e PE da Rede Solidária Cata-Vida é a primeira fábrica de polímeros administrada por catadores/as no estado de São Paulo. E isso não é pouco para quem começou empurrando carrinho de mão pelas ruas, tendo à frente a perspectiva de luta em busca de trabalho, renda, dignidade e cidadania. 

                    
               Foto: Catadora Patrícia de Sene com os plásticos beneficiados na Divisão Polímeros



Da criação da Rede à verticalização da coleta: o processo de gestão 

A Rede Solidária Cata-Vida foi criada em 2001 por catadores e catadoras de materiais recicláveis atuantes em municípios da região de Sorocaba (SP), que se reuniram em um encontro regional para discutir os problemas comuns que enfrentavam em suas respectivas associações e cooperativas.  Destacavam-se, entre os diversos problemas, a falta de estrutura nas cooperativas, baixo volume de materiais coletados, comercialização dos materiais para atravessadores a baixos preços, baixa renda dos catadores. 
No encontro de 2001, promovido pelo Ceadec, foi compartilhada a experiência da comercialização conjunta dos materiais que a Cooperativa de Reciclagem de Sorocaba (Coreso) e cooperativas próximas já estavam começando a praticar na região, com assessoria e apoio do Ceadec. Centralizando os materiais coletados pelas cooperativas na Coreso, as organizações começaram a acumular maior quantidade e a vender os materiais com melhores preços no mercado. 
A ideia foi levada e debatida com outras organizações de catadores/as e seus apoiadores durante o encontro regional, quando a iniciativa foi abraçada por cinco organizações pioneiras da Rede, localizadas em Sorocaba e municípios vizinhos.  Com a formação da Coordenação Regional dos/as Catadores/as – composta na época por representantes das cinco cooperativas pioneiras – criava-se, naquele momento, a Rede Solidária Cata-Vida, a primeira rede de catadores/as de materiais recicláveis do país. 
Ao integrarem suas cooperativas numa Rede, os/as catadores/as romperam com o isolamento e a exploração a que estavam submetidos/as no mercado de recicláveis, aumentaram a quantidade de materiais coletados, passaram a comercializar os materiais diretamente às empresas recicladoras, conquistaram melhores preços na venda dos produtos e a consequente melhoria na renda, firmaram parcerias e fortaleceram seus empreendimentos econômicos solidários. 
Ao longo de todo este processo, os/as catadores/as têm garantido o seu protagonismo, desde quando se uniram nos respectivos municípios para formar inicialmente suas cooperativas – apoiados por lideranças e organizações parceiras - e, depois, quando decidiram atuar em Rede. A partir da experiência e vivência dos/as catadores/as foi discutida a Carta de Princípios da Rede, implantada a logística de transporte e comercialização conjunta dos materiais, além de estabelecida a padronização de uma série de controles e métodos nas áreas de coleta, triagem, separação, beneficiamento, transporte e comercialização dos materiais. 
A Carta de Princípios determina que a comercialização dos materiais recicláveis deve ser feita de forma coletiva pela Diretoria da Rede Cata-Vida, que analisa em cada transação comercial o melhor preço, baseado na atualização da bolsa de preços dos materiais recicláveis e em diversos critérios definidos em conjunto pelos/as catadores/as associados/as. 
Já a logística de coleta, transporte e comercialização dos materiais recicláveis implantada na Rede visa otimizar os recursos, baratear os custos e buscar melhores preços dos materiais no mercado da reciclagem. Um sistema integrado padroniza as informações entre as cooperativas, com planilhas para controle da movimentação dos materiais, do movimento financeiro mensal, do roteiro dos veículos da Rede, entre outras.  
Os materiais beneficiados provenientes dos municípios são catalogados, aferidos por peso e tipo e armazenados na Central de Armazenamento e Comercialização da Rede Cata-Vida. O cronograma de comercialização é elaborado levando-se em conta o tempo utilizado para completar a carga dos diversos materiais, os preços praticados e a Carta de Princípios da Rede Cata-Vida. Os custos provenientes da movimentação e da comercialização dos materiais são rateados entre as cooperativas e proporcionalmente ao faturamento de cada uma. Relatórios quinzenais e/ou mensais das cooperativas e planilhas de monitoramento e controle avaliam a renda média nas cooperativas, o faturamento e a quantidade dos materiais recicláveis coletados e comercializados. 
Uma das ferramentas de monitoramento, proposta pelo Ceadec e as cooperativas da Rede é o chamado Balanço Ecológico, que sistematiza os dados sobre os tipos e a quantidade de materiais comercializados mensalmente em cada cooperativa e pela Rede, relacionando os benefícios que a coleta e o encaminhamento desses materiais para a reciclagem trazem para o meio ambiente. 
A Coordenação Regional dos Catadores, formada com esta denominação no encontro de 2001 e atualmente chamada de Diretoria Ampliada da Rede, é o fórum que reúne representantes de todas as cooperativas integradas, responsável pela gestão do trabalho em Rede. São realizadas reuniões mensais, além de seminários de planejamento e oficinas de avaliação sobre a prática das cooperativas em Rede. O amadurecimento desta prática levou a Rede a se formalizar, em 2011, como Cooperativa de Segundo Grau, uma entidade jurídica representativa das cooperativas de catadores que a integram em 18 municípios das regiões administrativas de Sorocaba e Itapeva (SP).
Além da comercialização conjunta dos materiais recicláveis, a Rede Cata-Vida se caracteriza por um processo de acompanhamento técnico junto às cooperativas e de capacitação continuada dos/as catadores/as, desencadeado para promover a formação cidadã, a qualificação profissional dos/as trabalhadores/as e o aperfeiçoamento da abordagem cotidiana que os/as catadores/as fazem junto aos moradores das cidades. Este processo tem propiciado momentos privilegiados de reflexão sobre temas prioritários para a organização e qualificação do trabalho em Rede. O acompanhamento sistemático nas cooperativas é executado por lideranças das cooperativas dos/as catadores/as e tem sido fundamental para o aperfeiçoamento do trabalho e a gestão dos empreendimentos em Rede.
Os/as catadores/as também desenvolvem o serviço de educação ambiental com as comunidades, por meio de palestras, mutirões de cadastramento das residências para adesão à coleta seletiva e outras ações socioambientais, sensibilizando-as a exercerem a cidadania por meio da coleta seletiva. Este trabalho porta a porta feito pelos/as catadores/as faz uma grande diferença, pois propicia um vínculo cada vez maior entre trabalhadores/as da coleta seletiva e a população e possibilita maior quantidade de materiais recicláveis separados nas residências e geradores coletivos que depois são coletados pela Rede.  

Pioneirismo no processo de verticalização da coleta seletiva


Um dos principais indicadores do pioneirismo da Rede Solidária Cata-Vida é o processo de beneficiamento dos materiais recicláveis, desencadeado a partir de 2008 por iniciativa dos/as próprios/as catadores/as. Foram eles/as que elaboraram os planos de negócios que resultaram na implantação das Unidades de Beneficiamento do Óleo Residual de Fritura e dos Polímeros PP e PE, hoje em funcionamento na Rede Solidária Cata-Vida. 

   

                                                                                               Foto: Divisão Óleo _ Processo de clarificação do óleo residual de fritura

Desde o início dos trabalhos, em 2001, o Ceadec e a Coordenação Regional dos Catadores apontavam para a necessidade de verticalizar o processo da coleta seletiva como uma forma de garantir a sustentabilidade dos empreendimentos dos catadores da região. 
No entanto, foi preciso antes solidificar esse caminho, percorrendo várias etapas que antecederam o processo de verticalização, destacando-se entre estas etapas: o trabalho de organização das cooperativas para a comercialização conjunta dos materiais recicláveis, o acompanhamento sistemático executado por catadores/as nas cooperativas, a realização de cursos e seminários promovidos pelo Ceadec para fortalecer o cooperativismo autogestionário e promover a capacitação técnica para a gestão dos empreendimentos, além da organização de toda logística de coleta, transporte e comercialização conjunta entre as cooperativas pioneiras.
Uma parceria com a Petrobras, a partir do ano de 2003, veio apoiar decisivamente o processo de implantação e aperfeiçoamento do trabalho das cooperativas em rede, com a disponibilização de maior infraestrutura e condições para a inclusão de novas cooperativas e mais catadores na Rede, equipamentos, materiais e EPIs para o trabalho dos/as catadores/as. Também foram potencializadas as ações de formação e capacitação continuada que já estavam em execução, educação ambiental com a população dos municípios e divulgação da importância da coleta seletiva e do papel dos/as catadores/as na gestão dos resíduos sólidos urbanos. 
Percorridas essas etapas, os/as catadores/as tomaram a decisão de iniciar a verticalização da cadeia produtiva de materiais provenientes da coleta seletiva, durante a realização do Curso de Capacitação em Gestão de Empreendimentos Solidários em Rede e Recursos Humanos, realizado entre setembro de 2006 a janeiro de 2007. Como atividade das aulas de planejamento, os/as catadores/as elaboraram dois Planos de Negócios para a Rede Cata-Vida, visando a implantação da “Divisão Óleo” e da “Divisão Polímeros”, além da fragmentação do papel branco. 
A existência da logística de coleta seletiva nos municípios envolvidos é o grande diferencial da Rede Cata-Vida em relação às demais experiências de beneficiamento de materiais recicláveis, executadas por outras instituições e/ou empresas, que encontram sérias dificuldades no trabalho de coleta dos materiais a serem beneficiados. A Rede Cata-Vida possui todas as modalidades de coleta seletiva em sua logística: porta a porta feita por catadores e catadoras, com caminhão e/ou com carrinhos nas ruas e bairros, em grandes geradores coletivos, condomínios residenciais, dentre outras. 
A partir de 2008, todos os esforços foram somados no sentido de colocar em prática essa nova etapa. As cooperativas da Rede receberam as fragmentadoras de papel branco, facilitando a doação de grandes quantidades deste material por parte de instituições públicas e bancárias.  
Posteriormente, foi instalada a “Divisão Óleo”, que beneficia hoje cerca de 3 mil litros de óleo residual de fritura por mês, agregando 100% no valor de um produto que antes sequer era coletado pelos catadores. Isto significa que nos municípios onde atuam as cooperativas integradas à Rede Cata-Vida, a população tem uma alternativa ambientalmente correta para resolver o problema do descarte do óleo de cozinha usado: basta separar e entregar o produto aos catadores/as.. Depois de coletado, o material segue para a Divisão Óleo, localizada em Sorocaba, onde é feito o beneficiamento para clarificação do produto. 
A Rede vive hoje o desafio de aumentar a coleta do óleo, promovendo o maior envolvimento de toda a população dos municípios na separação do produto, para cada vez mais dar uma destinação adequada ao material, colaborando assim, não apenas para a geração de renda e a inclusão de novos/as catadores/as na Rede, mas também para garantir uma melhor qualidade de vida aos/às moradores/as nas cidades e contribuir com a preservação do meio ambiente, em especial para a conservação dos recursos hídricos.
Em 2011, veio o processo de implantação da “Divisão Polímeros”, também com sede em Sorocaba, inserindo definitivamente a Rede Solidária Cata-Vida no mercado da reciclagem. Na Divisão Polímeros são efetuadas, na primeira linha, a lavagem, moagem e secagem de 30 toneladas/mês dos materiais PP (Polipropileno) e PE (Polietileno) e, na segunda linha, a extrusão e transformação destes polímeros em granulados, comercializados como matéria prima para as indústrias, o que tem resultado na agregação de 20% em média no valor destes materiais às cooperativas.

                           
                               Foto: Plásticos granulados na Divisão Polímeros

O pioneirismo do Consórcio Solidário Inter Redes 

Representativas do pioneirismo e da trajetória de luta dos/as catadores/as da Rede Solidária, as Unidades de Beneficiamento trabalham ainda abaixo da capacidade instalada. Atentos ao problema, tanto o Ceadec quanto a Coordenação Regional dos Catadores da Rede Cata-Vida se articularam e começaram a buscar alternativas para enfrentamento da situação, resultando na parceria Inter Redes - uma iniciativa – novamente pioneira - que colocou em prática a primeira experiência de trabalho conjunto entre Redes de Catadores no país e que está sendo praticada desde 2013 entre Recentemente, em 2015, a Rede Paulista de Comercialização Solidária veio se somar a esta parceria, fortalecendo ainda mais a iniciativa. 
Desta forma, os polímeros coletados pelas cooperativas integradas às Redes Cata-Vida, Reciclamp e Rede Paulista são processados na Divisão Polímeros da Rede Cata-Vida em Sorocaba e comercializados coletivamente. O objetivo é aumentar a quantidade dos materiais beneficiados, ocupar a capacidade produtiva da fábrica de plástico, fortalecer os empreendimentos solidários e torná-los competitivos no mercado da reciclagem, melhorando, em consequência, a renda dos/as catadores/as envolvidos/as. 
Essa atuação Inter Redes tem proporcionado uma gestão compartilhada da Unidade de Beneficiamento, envolvendo não apenas a comercialização conjunta dos materiais, mas todos os aspectos da gestão – financeiros, administrativos, operacionais, entre outros.  A atuação conjunta também tem ensejado o diálogo sobre as oportunidades, necessidades e demandas que se colocam aos empreendimentos solidários dos/as catadores/as, visando a garantia da sua sustentabilidade.

Os novos desafios para os/as catadores/as em Rede

A atuação Inter Redes é fundamental diante das oportunidades geradas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e frente a um mercado cada vez mais competitivo e que exige maior profissionalização nos serviços prestados pelos/as catadores/as. A perspectiva é de que a coleta seletiva seja cada vez mais potencializada nos municípios em função das exigências da Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Por isso, a Rede Solidária Cata-Vida vive o desafio de ampliar a coleta seletiva e o processo de beneficiamento dos materiais coletados, de forma que os empreendimentos solidários integrados possam profissionalizar cada vez mais os serviços prestados, ampliando o poder de negociação e sua inserção competitiva no mercado da reciclagem. 
A atuação Inter Redes já está trazendo ganhos aos/às catadores/as envolvidos/as e também tem gerado debates que apontam para a necessidade de ampliação do mercado, melhoria na logística e adaptação dos equipamentos da fábrica, para que a unidade possa ser utilizada para beneficiar outros tipos de plásticos, visando ampliar a participação no mercado da reciclagem e oferecer novas oportunidades aos empreendimentos solidários. 
Para isto, a Rede se articula em busca de parcerias e apoios para promover a adaptação e a aquisição de novos equipamentos para ampliar a Divisão Polímeros, de forma que possa torná-la apta a receber os materiais provenientes não somente das Redes Cata-Vida, Reciclamp e Rede Paulista, como também de outras Redes de catadores que venham a participar do Consórcio de Inclusão Produtiva Solidária, em processo de construção e que está sendo liderado pelas organizações de Sorocaba e Campinas.
A proposta de ampliação do processo de beneficiamento dos materiais na Rede Cata-Vida está sendo planejada tendo em vista as oportunidades desencadeadas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS): com a coleta seletiva sendo obrigatória e devendo ser potencializada nos municípios, a quantidade de materiais recicláveis coletados pelos/as catadores/as será ampliado, possibilitando desta forma, a inclusão de novos/as catadores/as no processo e a adesão de novas cooperativas ao trabalho em Rede.
Porém, para absorver as novas demandas de implantação ou ampliação da coleta seletiva nos municípios, geradas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, e para garantir a competitividade das cooperativas perante o mercado, tendo como perspectiva a inclusão de novos/as e manutenção dos/as catadores/as no processo - com o pagamento pelos serviços públicos que prestam nas cidades - a Rede Cata-Vida precisa dispor de uma estrutura mais arrojada para a execução dos serviços e também de centrais mecanizadas de coleta seletiva. Também é necessário fomentar a criação de estruturas intermediárias da Rede, dotadas de espaços e equipamentos para o desenvolvimento do trabalho dos/s catadores/as, além de apoio para o acompanhamento técnico às cooperativas. 
Essa estruturação das cooperativas integradas deve vir acompanhada do serviço de acompanhamento técnico, da continuidade da realização de ações de formação e capacitação para qualificação do trabalho dos/as novos/as catadores/as para a realização da coleta seletiva e a gestão em rede dos empreendimentos solidários, bem como dos/as catadores/as que já atuam na Rede, tendo em vista a necessidade de capacitação continuada que o processo de gestão de empreendimentos em Rede exige de seus participantes. 
Importante lembrar que a Rede atua em municípios que, na sua maioria, ainda não implantaram políticas públicas de coleta seletiva com inclusão e remuneração dos/as catadores/as, não obstante todo o movimento e luta que as lideranças das cooperativas integradas da própria Rede Cata-Vida e do Ceadec vêm fazendo ao longo dos últimos anos para que estas políticas públicas sejam efetivadas nos municípios. Desta forma, ainda sem a garantia do pagamento pelos serviços prestados, as organizações dos/as catadores/as dependem de si mesmas, do trabalho em rede e das parcerias que conquistam para viabilizar a continuidade da coleta seletiva nos municípios. 
A formação de um Consórcio de Inclusão Produtiva Solidária é o mais recente e pioneiro passo dado pelas organizações de catadores/as e suas respectivas entidades de apoio para avançar na sustentabilidade dos empreendimentos econômicos solidários atuantes em Rede.