REDES MOVIMENTO/FEBRACOM/RECICLA RIO - Redes Solidárias participantes das Olimpíadas e Paralimpíadas Rio 2016 e elencam conquistas com a iniciativa

As três redes participantes do CATAFORTE III vivenciaram trabalho Inter Redes e aprovaram a parceria

 

É como um grande legado para a categoria que os catadores e catadoras de materiais recicláveis que participaram das Olimpíadas e Paralimpíadas Rio 2016 veem a parceria inédita ocorrida no evento. Ao longo desses dias, 240 trabalhadores e trabalhadoras de três Redes Solidárias participantes do projeto CATAFORTE III mostraram a importância e seriedade do trabalho que realizaram e conquistaram muito mais do que toneladas de materiais recolhidos. Entre importantes resultados, vale destacar a união entre as Redes, até então distantes umas das outras e o estreitamento do diálogo com o Poder Público; o reconhecimento da população com o trabalho das cooperativas de reciclagem, a experiência do trabalho inter redes e elaboração de um modelo de contratação de empreendimentos de catadores e catadoras para grandes eventos.



Catadores (es) que participaram das Olimpíadas e Paralimpíadas - Rio 2016 - coletando materiais recicláveis

Com mais de 380 toneladas de materiais já processados, a participação dos catadores e catadoras contou com um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que recomendou o modelo mais justo e digno para contratação das cooperativas e dos catadores e catadoras para a prestação de serviços de coleta seletiva na Rio 2016, sem a necessidade de intermédio de terceiros (como ONGs), sendo uma das grandes conquistas deste processo, conforme afirmou Claudete Costa, catadora e presidente da Rede Movimento, coordenadora nacional do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR).Claudete lembrou, ainda, que cada um dos 240 catadores/ as participantes receberam um certificado para comprovação que estão aptos/as a desenvolver o trabalho em grandes eventos como Copa, Carnaval, Reveillon, Olimpíadas e Paralimpíadas, dentre outros.


      

Durante o trabalho na Rio 2016

“Cada Rede já tinha o seu trabalho individual e, através do CATAFORTE III, começamos uma conversa inter redes. A Rede Movimento, que já vinha conversando sobre a parceria, resolveu se articular com a Febracom e a Recicla Rio”, explicou Claudete.

Para que essa parceria fosse possível, a articulação do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis foi imprescindível. Para Claudete, esse processo tem duas vertentes: uma é a luta histórica travada com a Prefeitura do Rio de Janeiro que não paga pelo trabalho dos/as catadores/ as e outra é no âmbito do Governo do Estado do Rio de Janeiro. “O governador tinha vetado o nosso pagamento, então furamos o cerco e o próprio governo quem vetou é quem está nos pagando. Politicamente foi um ganho e mostra que o trabalho é profissional e tem que ser pago como qualquer outro”, concluiu.

O presidente da Febracom, Luís Couto, também apontou a visibilidade possibilitada com a parceria como um dos grandes legados, além do reconhecimento da população e da Secretaria do Meio Ambiente. “Foram várias reportagens elogiando nosso trabalho, não tivemos uma reclamação, um problema sério. Acredito que vamos levar esta experiência mundial para nossas vidas”, lembrou.

Do mesmo modo, Luiz Santiago, da Recicla Rio, comemorou a parceria e vê com bons olhos o futuro com mais diálogo e oportunidades. “Isso aumenta a visibilidade do nosso trabalho e abre muitas portas de prestação de serviço, fortalecimento e desenvolvimento”, apontou.

 

Divisão das tarefas

A parceria já vinha sendo negociada pelo MNCR há cerca de três anos e contou também com a ajuda da Secretaria Nacional de Economia Solidária SENAES/ MTE e Coca Cola, além do Governo Federal e do Estado do Rio de Janeiro.

As Redes Solidárias foram divididas para o trabalho: Rede Movimento fez a coleta na Barra da Tijuca e na Vila Olímpica, Febracom em Deodoro e Engenhão e Recicla Rio no Maracanã.

O trabalho de coleta dos materiais rendeu uma diária de R$ 80,37 (oitenta reais e trinta e sete centavos) - total líquido, fora o check-up, plano de saúde e tributos descontados – além do valor do material coletado, triado, prensado e comercializado que será dividido em partes iguais entre as Redes.

 

 Legados econômicos e sociais

Para os/as catadores/as representantes das três Redes é unânime pensar no saldo positivo deixado pela parceria, seja na prática de realizar serviços em união e em prol dos/as catadores/as; pela recompensa significativa na retirada dos/as trabalhadores/as uma média de R$ 1.800,00, somente nestes dois eventos esportivos e pelo armazenamento de materiais auxiliadores como uniformes, contêineres novos e alambrados.

“Hoje sabemos que esta parceria só frutificou ótimos resultados e que agora sabemos que podemos disputar, de igual para igual, com grandes empresas do setor de resíduos. Sobre isso, temos muito a agradecer ao projeto CATAFORTE III, ao PANGEA e ao INEA (Instituto Estadual do Ambiente – RJ)”, concluiu Claudete Costa.

Em nota enviada pela Assessoria de Comunicação da Secretaria de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, o órgão afirmou que o principal objetivo do projeto foi fortalecer e abrir os caminhos para as cooperativas de catadores e catadoras de materiais recicláveis. E que o trabalho executado nas arenas permitiu aptidões para que desenvolvam trabalho similar em outros eventos de grande porte, o que entendem como legado de participação inclusiva na cadeia da reciclagem. “Quem faz isso numa Olimpíada está qualificado para fazer em todos grandes eventos no Estado”. Ressaltaram que a ação, além de gerar renda para os/as catadores/as e destinação adequada aos resíduos, ajudou a poupar recursos naturais, gerando economia de 9.134 metros cúbicos de água e de 506 megawatts/hora (MWh) de energia, além de preservar 2.776 árvores.

Em resposta ao bom trabalho desenvolvido, a Secretaria garantiu que esses/as catadores/as, após a realização dos jogos, receberão apoio do Programa Ambiente Solidário - uma política de fortalecimento do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, em especial a logística reversa, e cujo foco é defesa ambiental, geração de trabalho e renda, promoção de parcerias entre agentes públicos, o terceiro setor, empresas e outros órgãos.

 

 Cataforte III: Possibilidades de União entre as Redes e ganhos concretos aos/as catadores/as

 

“Foi dentro do Cataforte III que conseguimos,  pela primeira vez aqui no Estado do Rio de Janeiro, fazer a junção das 3 Redes”

Claudete da Costa Ferreira, catadora da Rede Movimento”.

 

A união da Recicla Rio, Movimento e Febracom foi a grande responsável pelo sucesso da experiência nas Olimpíadas e Paralímpiadas 2016.

O trabalho Inter Redes no Rio de Janeiro foi construído dentro do projeto Cataforte III, conforme relato dos/as catadores/as

 “O Cataforte III trouxe esperança e a união das Redes. Nós tínhamos essa dificuldade de nos unir, de nos comunicar. Essa união veio através de uma reunião do Escritório Nacional do Cataforte III, com as 03 Redes aqui do Rio de Janeiro. Foi a partir daí que a gente começou ter um entendimento, sem confusão, sem atrito, e isso foi maravilhoso. Foi essa união que garantiu um trabalho digno nas Olimpíadas e isso foi um marco, hoje somos uma referência inclusive para outros países. Eu agradeço demais ao Cataforte III por isso”. Carmem do Carmo Barbosa, catadora da Recicla Rio.

“Eu como catadora/mobilizadora do Cataforte III afirmo que o projeto foi essencial pra mobilizar a mão de obra desses 240 catadores e catadoras dentro das cooperativas e associações. Esse trabalho feito em conjunto com outros mobilizadores, técnicos e assessores, garantiu o reconhecimento desses catadores como profissionais. Tenho 20 anos como catadora e nunca as Redes se uniram, e foi isso que possibilitou que realizássemos o maior e o melhor evento, aquele que sem dúvida vai abrir as portas para outros grandes eventos no Rio de Janeiro”. Alexandra Gomes Viana, catadora Rede Movimento.

“Foi dentro do Cataforte III que  conseguimos  pela primeira vez aqui no Estado do Rio de Janeiro, fazer a junção das 3 Redes, mostrando para o mundo todo que é possível, em conjunto, com união e respeito desempenhar um excelente  trabalho como foi realizado no Rio”. Claudete da Costa Ferreira, catadora da Rede Movimento.

“A construção do diálogo entre as Redes era algo que parecia distante da gente e quando aconteceu foi de fundamental importância para tão sonhada prestação de serviços, Claudinei Ferreira de Souza, catador da Rede Febracom.

A experiência vivenciada no  Rio de Janeiro serve com certeza para abertura de novos mercados para as Redes de Catadores.

O sucesso do trabalho realizado pelas Redes Solidárias de catadores e catadoras de materiais recicláveis do Rio de Janeiro evidencia o potencial dos catadores e catadoras organizados/as em Redes Solidárias, que por meio desse modelo de contratação, poderão realizar novos contratos em qualquer evento de grande porte no Rio de Janeiro e servir de modelo para todo o país.

 

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