O objetivo da rede solidária do DF com a visita é aprimorar seu projeto para o CATAFORTE III
A fim de conhecer e trocar experiências, os assessores técnicos da Rede Alternativa dos Catadores e Catadoras do Distrito Federal, Mônica Mendes e Cleusimar Andrade, realizaram intercâmbio com a Rede Solidária Cata-Vida, entre os dias 02 a 05 de junho. Tanto os catadores/as da rede do Distrito Federal quanto os/as de Sorocaba que fazem parte do projeto CATAFORTE III – Negócios Sustentáveis em Redes Solidárias (projeto assessorado tecnicamente pelo CEADEC/Escritório Nacional CATAFORTE) e destacam o intercâmbio entre redes como importante no processo de desenvolvimento do projeto, que atende mais 31 outras redes alocadas em 13 Estados mais o Distrito Federal (DF).
A ideia inicial dos/a representantes da Rede Alternativa com a visita a Sorocaba foi conhecer a Divisão Polímeros da Rede Cata-Vida e as especificações técnicas dos maquinários no processo de extrusão e posteriormente dos granulados dos plásticos, tipo PP e PEAD, atividade que iniciarão no DF. Aproveitaram a visita para tirar dúvidas, acompanhar o dia a dia da rede, e acabaram se surpreendendo também com outros aspectos, como o modo de comercialização em rede, divisão de pagamento e organização de trabalho, a experiência com o óleo residual de fritura e o tratamento de efluentes realizado na fábrica de polímeros dos catadores/as.
Como contam, eles já têm o projeto de construção de tanques para reaproveitamento da água, mas estão considerando a mudança para um modelo similar ao da Rede Solidária Cata-Vida, por ser móvel e parecer mais asséptico do que haviam planejado anteriormente à visita. “Estamos saindo daqui muito melhores e com mais conhecimentos do que quando chegamos”, afirma Cleusimar.
A viagem foi financiada pelos catadores da Rede, através da OCDF (Organização dos Catadores e Catadoras do Distrito Federal) e pela ANABB (Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil).
Troca de experiências
Como lembra Cleusimar, a ideia do intercâmbio entre as redes nasceu do Encontro de Acompanhamento das Atividades do CATAFORTE III, realizado no mês de abril, em Brasília (DF). “No encontro descobrimos que a Rede Cata-Vida já faz o trabalho de moagem e granulação do PP e PEAD, que é o que vamos fazer. Viemos aqui para vivenciar um pouco desse trabalho, e levar uma experiência para desenvolver lá na nossa rede”, fala.
A experiência anterior de intercâmbios que a rede havia realizado era de acompanhar processos similares, mas dentro de indústrias. Desde quando passaram a integrar o CATAFORTE III, pontua Mônica, o foco para essas visitas passou a ser as próprias cooperativas e associações que compõem o projeto. “Já temos os maquinários para o processo de extrusão, mas viemos à Rede Cata-Vida para conhecer a experiência deles e finalizar o nosso projeto industrial e, por fim, de comercialização”, explica.
Oportunidades
No momento, as redes solidárias que participam do CATAFORTE III estão em fase de elaboração dos seus Planos de Negócios Sustentáveis (PNS), o que qualifica ainda mais a prática da troca e da observação do trabalho de outros Empreendimentos Econômicos Solidários (EES). “Temos que finalizar questões pontuais da nossa fábrica como instalação elétrica e hidráulica. Nosso Plano de Negócios no CATAFORTE III visa a potencialização e verticalização da coleta seletiva”, aponta Mônica.
Para a coordenadora do CEADEC/Escritório Nacional do CATAFORTE, Rita de Cássia Gonçalves Viana, esse intercâmbio entre as redes solidárias é importante principalmente nesse momento em que as redes estão elaborando os seus Planos de Negócios Sustentáveis para o CATAFORTE III. Como reforça, essas trocas são fundamentais para o fortalecimento dos empreendimentos dos catadores/as e para o planejamento de seus negócios sustentáveis.
A afirmação de Rita é endossada pelo presidente da rede Cata-Vida, Darci de Oliveira, que assinala como positiva essa experiência de intercâmbio. Para ele, há uma troca significativa de experiências e informações nessas ações, e se diz gratificado em poder mostrar as experiências exitosas da rede. “Para nós, da Rede Solidária Cata-Vida, é sempre uma grande satisfação receber a visita de outras Redes e poder mostrar o que deu certo e alertar sobre as nossos desafios pelo caminho”, disse.
Sobre as redes
A Rede Solidária Cata-Vida, com sede em Sorocaba, criada no ano 2000 e com ação inter redes desde o ano de 2012 por meio das parcerias com Redes RECICLAMP (Campinas) e REDE PAULISTA (São Paulo) conta com 18 cooperativas associadas e mais de 300 catadores e catadoras de materiais recicláveis envolvidos, nas regiões de Sorocaba e Itapeva.
Já a Rede Alternativa das Cooperativas do Distrito Federal, Entorno e da Ride, com sede em Ceilândia (DF), foi fundada em 2012 e conta com 13 associações e cooperativas de catadores e catadoras de materiais recicláveis e atende cerca de 1.200 catadores e catadoras de materiais recicláveis do DF. Recentemente um dos Empreendimentos Econômicos Solidários da rede, a Recicle a Vida, assinou contrato com o Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal (SLU/DF), para prestação de serviço de coleta seletiva na região de Samambaia (DF), dentro do projeto de Coleta Seletiva Inclusiva do DF.